Tuesday, May 30, 2006

Nuno Florêncio, Maio 2006




















'S/ Título', Nuno Florêncio, edição de Maio, 2006

O anti lugar

A ausência de espaço. É desta forma que melhor se pode descrever a vida de um criminoso retido num estabelecimento prisional. A clausura é um dos principais pontos que Nuno Florêncio explora nas suas produções, tendo este vindo a realizar várias exposições desde 1997, sendo de realçar “27 artistas uma casa a demolir” e “16 salas 1 espaço”, no Laboratório das Artes, a participação no Projecto “Quartel” e a Exposição Colectiva de Artes Plásticas, na Galeria Glória Vaz, em Felgueiras.
Nuno Florêncio (Valpaços, 1975) construiu para o Espaço Transportável uma imagem digital com uma repetição de recortes figurativos em notas de 200€. Com isto, podemos retirar várias leituras, mas o facto das figuras se apresentarem de frente e de perfil remetem-nos directamente para as fotografias dos prisioneiros, (fazendo lembrar as serigrafias de Andy Warhol), quase que passando despercebido pelo facto das notas sobressaírem, sobrepondo-se à própria figura, criando uma ausência de identidade (notória noutros trabalhos do artista, como o caso das ampliações das impressões digitais ou da íris dos olhos). O número como elemento identificativo faz parte do nosso quotidiano, enclausurando-nos num sistema muito complexo que é a sociedade contemporânea, descrito aqui através dos números das notas.


Luís Ribeiro