Friday, December 09, 2005

Dezembro 2005


"S/ Título", Fotografia digital manipulada, José Emílio Barbosa, edição de Dezembro 2005

O muro não caiu


A edição de Dezembro do ‘Espaço Transportável’ recebe José Emílio Barbosa, Licenciado em Pintura na Escola Superior Artística do Porto, Pólo de Guimarães. Jovem artista nascido em Guimarães em 1979, destaca-se como membro fundador do Laboratório das Artes e do seu percurso artístico importa referir a participação no Simpósio "Künstlerwerkgemeinschaft" – Kaiserslautern – Alemanha, as exposições “16 salas, 1 espaço” e “27 artistas uma casa a demolir” no Laboratório das Artes; “Projecto Quartel”, Rua das Flores – Porto; “E se insisto naquilo que canta”- Central Eléctrica do Freixo – Porto; “Mulheres” - Museu Alberto Sampaio, Guimarães e a exposição na Galeria Gomes Alves “Ocupação – Quotidiano invadido”.
Para este projecto no Notícias de Guimarães, José Emílio Barbosa apresenta-nos uma fotografia digital manipulada, imagem captada de uma obra sua concebida no Laboratório das Artes. Este muro construído em tijolo e cimento teve como objectivo inicial a desconstrução da configuração da sala de entrada daquele espaço, obrigando o visitante a alterar o seu percurso. Mais tarde, e durante a exposição, aquele abjecto foi alvo de várias observações e comentários por parte de entidades camarárias, profissionais que tratam da reordenação do centro histórico de Guimarães. Foi ordenado ao artista a demolição do muro mas, após várias conversas e visitas ao Laboratório, demonstrou que afinal aquela parede não tinha qualquer função prática, apenas estética e conceptual, que a tornavam uma obra de arte e como tal não fazia sentido esta ser destruída.
Na última exposição que encerrou a casa da rua de Camões (“27 artistas uma casa a demolir”), José Emílio colocou o muro à venda, ironizando o papel da obra de arte, contrariando o sentido da própria exposição que pressupunha a destruição de todos os trabalho inseridos naquela habitação. No ‘Espaço Transportável’ o mesmo artista reforça esta ideia de obra continuada, fazendo passar a imagem de que a peça ainda lá está mesmo após várias contradições, desfocando a fotografia atribuindo-lhe uma carga surreal, do sonho que continua, de algo que ficou e irá ficar na memória de todos os transeuntes daquele espaço artístico que em muito influenciou e modificou mentalidades.

Luís Ribeiro


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