Monday, November 14, 2005


"SUSY", tinta s/ papel, Isabel Carvalho, edição de Setembro 2005

‘SUSY’

Após um mês de paragem, o Jornal NG volta a receber mais um artista a convite de Luís Ribeiro, de forma a intervir artisticamente neste suporte. Isabel Carvalho, Porto 1977, tem-se destacado como Artista Plástica e autora de BD. Licenciou-se em pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto entre 1995 e 2000 e entre 2000 e 2001 fez o mestrado no Camberwell College of Arts (London Institute). Esta artista está ligada ao colectivo 'Alíngua'
que publica a revista Satélite Internacional, ao grupo artístico Ateliers Mentol, ao grupo feminista de intervenção artística ZOINA (uma palavra portuguesa pouco conhecida que quer dizer "mulher mal comportada"), entre outros. Seleccionando algumas das várias exposições de Isabel Carvalho, como a participação no projecto “Terminal”, no Hangar k7 na fundição de Oeiras; “Tale about Urban Piracy”, 2005, no Centro de Artes Visuais de Coimbra; “16 salas, 1 espaço” , 2005, no Laboratório das Artes em Guimarães; “National Museum”, 2004, na Galeria Marta Vidal, Porto; “WAW-women against women”, 2002, Galeria Marta Vidal, Porto; “Arte-Público”, 2002, Museu de Serralves, Porto e Culturgest, Lisboa, entre outras, podemos observar o dinâmico percurso que esta artista tem vindo a percorrer.
Relativamente ao trabalho específico para o ‘Espaço Transportável’, Isabel Carvalho apresenta-nos um texto assinado por “Susy”, uma prostituta de 29 anos que relata alguns dos problemas da sua profissão não liberal, como que uma tentativa de chegar aos mais diversos públicos. Questões como a mulher/objecto, o prazer/sofrimento, o dinheiro, a violência, as drogas, a exclusão social, a clausura, são aqui tratados na primeira pessoa, na tentativa de criar um diálogo com o leitor comum sobre um dos problemas que afectam a sociedade actual que todos parecemos esquecer ou pelo menos ignorar. A mulher vista como simples máquina sexual, de obtenção de prazer, independentemente da sua condição social e ideológica. Isabel Carvalho aproxima-se mais das questões do que das respostas, importando aqui o alerta, o chamar da atenção para problemas de ordem global, que parece continuar a infectar o sistema que as instituições tanto tentam preservar. A carta original pode ser visto na exposição inaugurada no passado sábado, na Galeria SMS (Sociedade Martins Sarmento), de Carla Cruz, intitulada “All My Independent Women”. Esta exposição funciona como uma individual, marcada pelo facto de Carla Cruz expor trabalho de outros artistas, como são os casos de Isabel Carvalho, Carla Filipe, Miguel Bonneville, Suzanne Van Rossemberg, entre outros. Uma espécie de momentos partilhados, marcados pela proximidade conceptual, temática ou ideológica, esta exposição é um activismo puro, de carácter sociológico extremamente reaccionário.

Luís Ribeiro


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